Por Ivan Ruela
Nos dias 01 e 02 de agosto de 2025, Aimorés-MG será palco de um grande encontro de motociclistas da região. Com entrada gratuita e uma programação que une música, gastronomia, cerveja artesanal, área de camping e muito rock and roll, o evento promete reunir milhares de pessoas no coração da cidade.
Entre as atrações confirmadas está a Banda Drenna, que se apresenta no sábado levando ao palco seu rock direto, performático e cheio de emoção.
A cantora e guitarrista Drenna Roodrigues é a líder da banda que leva o seu nome, que ainda conta com Milton Rock na bateria e Bruno Moraes no baixo, formando um power trio coeso e intenso, que sustenta a energia característica da Banda nos palcos. O grupo teve início em 2009, quando iniciou sua trajetória no Complexo do Alemão, no bairro de Inhaúma.
Com uma carreira marcada pela independência e pela intensidade de suas apresentações, o primeiro disco foi gravado no estúdio do músico Marcelo Yuka, que também participou do álbum. Em 2013, Drenna participou do movimento Engaja Rock, promovendo o cenário autoral carioca ao lado de músicos como Fernando Magalhães (Barão Vermelho) e Gabriel Thomaz (Autoramas). A projeção nacional veio com o programa Vida de Rockeira, do canal BIS, seguido por lançamentos como o EP Verdades (2014), o prêmio Fejacan, e a vitória no Festival Planeta Rock 2016, um dos maiores do país.
Em 2022, um dos momentos mais marcantes na trajetória da banda foi a sua apresentação no Rock in Rio, onde atuaram como headliner do palco Espaço Favela. O show aconteceu no dia 8 de setembro, data que também contou com performances de bandas como Guns N’ Roses, The Offspring e Måneskin nos palcos principais do festival.
A Banda Drenna já se apresentou em casas de show renomadas como Circo Voador, Imperator, Teatro Rival, Teatro Odisséia, Lona Cultural da Maré, Arena Jovelina Pérola Negra e Arena Chacrinha. Além disso, dividiu o palco com bandas consagradas, como Pitty, Frejat, MGMT, Paramore, Kings of Leon e Andy Mckee.
Mais recentemente, o conjunto lançou o single “Aliens”, uma música que traz uma crítica afiada ao consumismo e à ostentação, refletindo uma postura consciente e engajada no cenário do rock nacional.
Entrevista
Qual a expectativa de vocês para essa apresentação e o que o público pode esperar do repertório?
Estamos com uma expectativa enorme! A gente ama tocar em cidades do interior porque a conexão costuma ser intensa. O público pode esperar um show visceral, com um repertório que mistura nossos lançamentos mais recentes, como Aliens, e com releituras de grandes clássicos do rock. Vai ter peso, emoção e muita verdade no palco.
Para quem talvez ainda não conheça o trabalho do grupo, como você descreveria o som da Drenna? E qual atmosfera vocês buscam criar no palco?
A gente costuma dizer que nosso som é um rock direto, com letras que falam do agora, do que a gente vive, sente e vê. Uma mistura de peso sonoro com a sensibilidade da nossa vivência. No palco, buscamos criar um ambiente de entrega e catarse. Queremos que as pessoas se sintam parte do que está acontecendo ali, que vibrem junto.
Como o Complexo do Alemão influenciou a identidade da banda?
Nascer e crescer no Complexo do Alemão foi o que moldou quem eu sou — como artista, como mulher, como ser humano. Lá, aprendi que resistência não é escolha, é sobrevivência. Que arte é mais do que estética: é ferramenta, é grito, é esperança. A Banda Drenna carrega essa energia desde o primeiro acorde. Cada letra nossa tem a marca de quem viu a beleza florescer no meio do concreto, de quem transformou ausência em presença, invisibilidade em potência. A gente veio de um lugar onde sonhar é um ato político, e subir no palco é levar com orgulho a voz de quem sempre foi silenciado. O Alemão não está só na minha história — ele é a nossa identidade.
O álbum Desconectar foi elogiado por veículos como O Globo, Jornal do Brasil e Billboard. Como é receber esse reconhecimento?
Desconectar foi nosso primeiro álbum, e receber elogios da crítica logo de cara, foi algo muito marcante. Era o nosso primeiro passo em um trabalho autoral mais estruturado, e ver que aquela entrega estava sendo reconhecida nos deu ainda mais certeza de que estávamos no caminho certo. Depois dele veio o Cisne Negro, nosso segundo disco, que nos levou ainda mais longe, com uma projeção maior, mais shows pelo Brasil e uma conexão ainda mais forte com o público. Ver nossas músicas ressoando nas pessoas e ganhando força em diferentes cantos do país é um reconhecimento que vai além da crítica — é saber que a mensagem está chegando.
Numa entrevista que fiz com Tico Santa Cruz ano passado (https://jornalfolha1.com.br/2024/07/25/tico-santa-cruz-promete-muita-energia-no-show-do-detonautas-amanha-em-aimores/), ele citou a Banda Drenna como uma das grandes bandas de rock do momento. Como é para vocês receber esse reconhecimento de artistas tão importantes da cena nacional?
Ver artistas como o Tico, que tem uma trajetória tão forte no rock nacional, reconhecer o nosso trabalho é muito significativo. Mostra que estamos sendo vistos e respeitados por quem abriu caminho. Isso nos dá ainda mais força pra seguir firmes, fazendo nosso som com paixão e propósito.
Quais são as principais influências da danda?
Tem muita coisa que nos influencia. Desde bandas clássicas como Nirvana, Rage Against the Machine, até nomes brasileiros como Supercombo, Far From Alaska e Chico Buarque. E claro, também bebemos muito da cena independente, dos artistas que estão na luta como a gente. Isso tudo ajuda a moldar nosso som e nossa visão.
A releitura de “Roda Viva” ganhou um videoclipe impactante. Por que escolheram essa canção?
Escolhemos “Roda Viva” porque infelizmente ela segue atual. É uma música que fala de ciclos, de resistência, e a gente quis trazer essa mensagem pra hoje, com a nossa linguagem. O videoclipe trata de preconceito, censura, opressão — temas que ainda são urgentes. É um grito por liberdade e empatia.
Como você enxerga o espaço da mulher no rock nacional hoje?
Ainda é um espaço que a gente tem que conquistar todos os dias. Já avançamos muito, mas o machismo ainda está aí. O mais importante é que existem muitas mulheres incríveis fazendo rock, quebrando barreiras e inspirando outras a ocuparem esse lugar. Eu me sinto parte dessa transformação e quero que mais meninas saibam que elas também podem estar no palco, com a guitarra na mão.
As letras da Banda Drenna têm temas fortes e atuais. Como veem a música como ferramenta de conexão e debate?
A música tem um poder enorme. A gente sempre buscou usar esse espaço pra falar de coisas que importam: desigualdade, empoderamento, amor, dor… Quando alguém se identifica com uma letra nossa, a conexão é real. E se conseguimos provocar uma reflexão ou uma conversa a partir disso, já valeu.
Vocês já tocaram em festivais como o Rock in Rio. Como é se apresentar em cidades do interior como Aimorés?
A gente trata cada show como único, seja no Rock in Rio ou numa cidade do interior. Pra nós a troca verdadeira é o mais importante. Em lugares como Aimorés, o calor humano é diferente, mais próximo, mais intenso. A gente entrega tudo de nós em qualquer palco, e sempre saímos tocados pela experiência.
Por fim, qual a mensagem para o público de Aimorés?
Aimorés, a gente tá chegando com o coração aberto e a energia lá no alto. Preparem-se pra um show cheio de verdade e visceral! Esperamos vocês pra cantar e viver esse momento com a gente. Vai ser inesquecível!
Serviço
ENCONTRO DE MOTOCICLISTAS – AIMORÉS/MG
Dias: 01 e 02 de agosto de 2025
Local: Centro de Aimorés
Atrações: Last Line, Full Time, U2 Go Home, Cadu Caruzo e Banda Drenna
Outros: Cerveja artesanal | Gastronomia mineira | Área de camping | Entrada Gratuita
Publicado em 01/08/2025
To por aqui esperando minha vez de tocar na minha cidade natal. Jarbas Mariz Oficial.