Entrevista: Ivan Ruela
Jarbas Mariz, um nome que ecoa no universo musical brasileiro, é mais do que um instrumentista talentoso e um compositor inspirado. É a história de um filho da terra que carrega consigo um sonho acalentado por décadas: retornar à sua cidade natal, Aimorés, em Minas Gerais, e presentear o público local com a riqueza de sua música.
Nascido em Aimorés, mas criado em João Pessoa, Jarbas Mariz desde cedo mergulhou na vibrante cultura musical nordestina. Sua paixão pela música o impulsionou a trilhar um caminho singular, transitando com maestria por diversos gêneros, do rock à balada, do forró ao samba.
Num breve, mas proveitoso bate papo com o músico, ele ratificou seu desejo conhecer de fato, a cidade onde nasceu.
Infância em Aimorés:
“Fui o único da família a nascer na cidade. Saí com oito meses e exceto através de fotografias, não dá pra ter qualquer momento na memória. Meus irmãos eram maiores, o João Bosco brincava de vender Abiu (fruta) na calçada com o amigo Jairo Justo, que era de família da região.
Meu pai, Jaceguay Martins, agrônomo de formação, era funcionário do Banco do Brasil. Seu cargo na repartição era de chefe da carteira agrícola, e o recomendável era de que não ficasse muito tempo em determinada localidade, para não criar laços com clientes. Daí ele, minha mãe, Maria Marluce, eu e meus irmãos embarcamos para João Pessoa.
Início da Carreira na Paraíba:
“Fui criado em João Pessoa, estudei, fiz Faculdade de Engenharia Civil, sem concluir, porque já queria ser músico. Em 68 tive meu primeiro conjunto de baile: Os Pedra Rolantes, e em 69 Os Selenitas (muito famoso no Nordeste) até começar minha carreira autoral na década de 70 junto com os parceiros da época, Zé Ramalho, Cátia de França, Elba Ramalho, Pedro Osmar lá em João Pessoa. Até ir pro Rio de Janeiro no início dos anos 80 pra ir gravar o disco Estilhaços de Cátia de França.”
Passagem pelo Norte do Brasil:
“O Pará, foi por acaso, fui visitar meu irmão que morava em Paragominas, sofri um acidente e terminei ficando lá um tempo até eu ir procurar a gravadora em Belém, e foi aí que gravei o disco Transas do Futuro(1977) — disco esse que hoje é dos mais raros do Brasil e já foi lançado em alguns países do exterior como EUA e Inglaterra”.
Rio de Janeiro e a consolidação em São Paulo:
“Voltando para a PB em 79, Zé Ramalho me jogou na banda de Cátia de França, e fui para o Rio de Janeiro gravar. Quando Marinês e Gilberto Gil gravaram uma música minha e de Cátia, “ 4 cravos”, ganhei uma grana e vim morar em São Paulo.”
O estilo musical de Jarbas por Jarbas:
“Como minha formação foram os conjuntos de baile e a convivência com os paraibanos de uma forma geral, descobri que posso compor qualquer tipo ou estilo de música, um rock, uma balada, um forró, um samba… enfim, música para teatro, trilha pra cinema e tv. Gosto de cantar de tudo, componho e canto o que me faz sentir bem e feliz, ‘Música Brasileira’.”
Músico na banda de Tom Zé:
“Foi um aprendizado enorme, além de aprender as dicas musicais, conheci o mundo todo tocando com ele: EUA, Canadá, Europa toda, até o Japão. Ajudou muito no meu trabalho porque conheci outras culturas, outros estilos, formas de viver e conviver… fiz meu ‘doutorado’.”
Parcerias:
Com Zé Ramalho:
“Com Zé Ramalho foi logo no começo da minha carreira e ultimamente ele canta ‘O Banco do Amor’ no meu nono disco ‘Jarbas Mariz’ lançado em 2022.”
Com Lula Côrtes:
“Com Lula Côrtes, começou também nos anos 70. Foi Zé Ramalho que me levou pra conhecer a turma de Recife e foi aí que participei do disco mais raro do Brasil hoje o Paêbiru, custa no mercado 19.000,00 reais (disco para colecionador) Gravei com Lula Côrtes, já em São Paulo o Bom Shankar Bolenath—instrumental, também raríssimo e lançado no exterior.
Com Jackson do Pandeiro:
” O Conheci no Rio quando fui participar do Projeto Pinxinguinha com Cátia de França, em julho de 1980. Foram trinta e dois shows, sendo que em alguns eu abria com músicas de minha autoria. Como sou ritmista aprendi muito com o Rei do Ritmo. (Paraibano).”
Com Chico César:
“A gente se conhece desde João Pessoa, mas aqui em São Paulo nos aproximamos mais. Fizemos shows juntos, músicas que ele gravou no disco dele e eu gravei no meu (Carinho Carimbó), outra música nossa o Fulutiado, que ele gravou no disco de Marinês e com o grupo Fulô Mimosa, a nossa parceria mais recém Lua Mulher, que está no meu disco ‘Jarbas Mariz’— 188 mil visualizações no Spotify”.
O desejo de regressar e tocar na cidade natal:
“Hoje com meus 72 anos, seria uma glória para mim, meu coração me pede isso há um tempo. Agora eu que acho chegou esse tempo de colher a felicidade, a minha origem, pisar no chão que nasci… puxa vida…Felicidade do mundo todinho. Além disso, é a cidade de Altemar Dutra e Sebastião Salgado, dois mestres da cultura do Brasil… Que Orgulho.!!!! E você, Ivan, foi o cara que me descobriu pela internet e está me trazendo essa esperança da possibilidade de conhecer Aimorés. Como diz o título do meu mais recente disco “A vida insiste em brotar” ! E aqui foi plantada essa semente!”
Agradeço ao Fotógrafo Ivan e a equipe que desenvolveu essa matéria.
Na real é mesmo o meu sonho, fazer um show na minha terra natal que até hoje não conheço.e tenho enorme vontade de pisar meus pés em Aimorés.
Espero que os astros conspirem em nosso favor.
Aí o “Mariz vai ficar Feliz”
Abraço em todos.
Na torcida pra você conseguir realizar esse sonho pai. Sucesso sempre. Que você fique sempre feliz com suas conquistas atuais e futuras. Parabéns pela entrevista.