Pressão popular pode levar Lastênio a vetar aumento salarial muito elevado em Baixo Guandu

O prefeito Lastênio Cardoso pode vetar o Projeto de Lei aprovado pela Câmara Municipal, na última segunda-feira, que reajustou de forma surpreendente o salário do próprio prefeito, vice, vereadores e secretários municipais.

Quem admitiu ontem esta possibilidade foi um assessor próximo do prefeito, que preferiu manter o anonimato. Ele revelou também a surpresa da indignação da população com o aumento de salários, o que teria feito Lastênio confidenciar a um grupo de assessores sobre a possibilidade de vetar todo o projeto aprovado pelo Legislativo, com o voto contrário apenas dos vereadores Sueli Alves Teodoro e Alderino Gonçalves.

“A reação popular foi muito intensa e provocou surpresa”, revelou ontem o assessor de Lastênio Cardoso. Pelo projeto aprovado, o salário do prefeito vai de R$ 12 mil para R$ 23 mil; do vice de R$ 4,8 mil para R$ 12 mil; dos secretários municipais de R$ 4,8 mil para R$ 9 mil e dos vereadores de R$ 4,8 mil para R$ 7,5 mil.

Revolta
Nunca se viu na história recente de Baixo Guandu tanta mobilização, com utilização massiva das redes sociais, contra um projeto aprovado pela Câmara Municipal. O caso chamou a atenção da imprensa em todo o Estado, que noticiou de forma contundente o aumento salarial em Baixo Guandu, pela estranheza dos valores absurdos que os cofres públicos terão que bancar.

As manifestações nas redes sociais continuam extremamente fortes contra os reajustes salariais aprovados pelos vereadores, com críticas contundentes ao projeto. Para se ter uma ideia, o novo salário do prefeito Lastênio (R$ 23 mil) aproxima-se do que ganha o governador Renato Casagrande (R$ 25,5 mil). Para efeito de comparação, o prefeito de Colatina ganha R$ 10,5 mil mensais e o da Serra, o município mais populoso e de maior arrecadação do Estado, R$ 15,5 mil.

Nas redes sociais, dezenas de postagens aproveitaram para reclamar muito da atual gestão, destacando-se a a ineficiência da limpeza da cidade; as obras abandonadas como praça São Pedro e Mercado Municipal; o estado ruim das estradas do interior, ruas esburacadas e licitação de serviços considerados caros, como construção de um vestiário em Ibituba no valor de R$ 150 mil. A rigor, a atual gestão só entregou até hoje, passados quase 15 meses, a construção de 5 quebra-molas na sede. Baixo Guandu arrecada R$ 120 milhões por ano.

Dois votos contrários
Somente os vereadores Sueli Alves Teodoro e Alderino Gonçalves votaram contra o aumento dos salários, mas ontem outro vereador, José Roberto da Silva, surpreendeu ao usar sua rede social para pedir que o prefeito vete o projeto de lei que trata dos vencimentos. O vereador alegou em vídeo também publicado em rede social que se absteve na votação, porém na ata da Câmara consta seu voto a favor. À noite José Roberto fez um live explicando a divergência, porém reafirmou que o prefeito deveria vetar o Projeto de Lei do aumento salarial.

Confira o vídeo com o voto de todos os vereadores ao projeto de aumento salarial:

O prefeito Lastênio Cardoso tem 15 dias para vetar ou sancionar o projeto que aumenta o próprio salário, do vice, dos secretários e dos vereadores. Para os vereadores, o aumento só pode ser aplicado na próxima legislatura, mas para os demais agentes públicos a aplicação é imediata, desde que o prefeito sancione o Projeto de Lei aprovado.