O Sistema Simplificado de indenizações do caso Samarco, mais conhecido como Novel, mudou e continua mudando, de forma muito positiva, a vida de milhares de famílias das cidades de Baixo Guandu (ES) e Aimorés (MG), com liberação de recursos que somam aproximadamente R$ 700 milhões desde setembro de 2020.
Todo este dinheiro, liberado de forma gradativa e pulverizada, provocou um profundo impacto social nas duas cidades, com forte reativação nas atividades econômicas, desde o comércio ao setor de serviços, trazendo também como consequência uma valorização acentuada nos preços dos imóveis, urbanos e rurais, sem contar a abertura de centenas de empreendimentos, em função do aumento do dinheiro em circulação.
A estimativa, hoje, é que 80% da população tanto de Baixo Guandu quanto Aimorés, foram direta ou indiretamente impactados de forma muito positiva pelos R$ 700 milhões em indenizações já liberadas do caso Samarco. E as indenizações continuam, podendo somente nas duas cidades ultrapassar o valor de R$ 1 bilhão até o final de 2021.
Realizando sonhos
As Indenizações estão realizando sonhos: muita gente adquiriu a casa própria, outros reformaram sua residência, dezenas abriram o próprio negócio, outros adquiriram veículos (carro e moto) e há também aqueles que gastaram sem planejamento e podem estar hoje arrependidos.
Por outro lado, centenas ainda guardam grande parte do dinheiro em caderneta de poupança ou outra aplicação financeira. “Baixo Guandu e Aimorés vivem hoje numa “bolha” de prosperidade, com a economia fortemente ativada e muita gente realizando sonhos”, avaliou esta semana um economista, que alerta para o fato de que esta onda, embora extremamente positiva, é passageira. “O segredo é saber usar o dinheiro da indenização, evitando gastos desnecessários” alerta o economista.
Empreendedores
Mas muitos indenizados estão sabendo usar os recursos, inclusive montando um empreendimento que garante renda contínua e permanente.
É o caso do casal Igor Torezani e Vênus Olivier, que montaram com os recursos da indenização o “Espetinho da Família” há 5 meses na avenida Carlos de Medeiros, em Baixo Guandu, uma casa de lanches que deu muito certo e já expandiu seu cardápio oferecendo variadas porções. “Nossa ideia era oferecer um ambiente para as famílias e temos conseguido sucesso”, garante a empreendedora Vênus Olivier.
Já a indenizada Andressa da Silva de Paula Dias, hoje residente em Alto Mutum Claro, realizou o sonho da sua vida: adquiriu casa própria, uma garantia “eterna” para ela, o marido e dois filhos pequenos. “Claro que a felicidade é muito grande. A gente precisava muito deste imóvel e estamos muito felizes”.
De Aimorés, a diarista O.M.S, de 37 anos, também comprou casa própria há 3 meses. “Não pago mais aluguel e com o dinheiro que ganho meus três filhos estão se alimentando melhor, se vestindo bem. Nossa vida mudou para muito melhor, graças a Deus e ao dinheiro da indenização”, afirma ela, que ainda guardou um pouco na poupança para alguma emergência.
Origem do Novel
O Sistema Simplificado de Indenizações (Novel) do caso Samarco teve origem em Baixo Guandu, através da Comissão dos Atingidos local, que representada pela advogada Richardeny Lemke Ott, entrou na 12ª Vara da Justiça Federal, em abril de 2020, requerendo um meio eficiente e prático de indenizar os atingidos pelo rompimento da barragem de Mariana, em 2015. A sentença favorável da Justiça saiu em julho de 2020 e em setembro aconteceu a primeira quitação aos indenizados.
Com apenas 13 meses após o primeiro pagamento, o Novel se transformou no meio mais eficiente de reparação aos atingidos: em toda bacia do rio Doce, já são cerca de 40 mil pessoas/famílias indenizadas, com liberação de aproximadamente R$ 4 bilhões através da Fundação Renova.
O Novel está presente hoje em 34 localidades impactadas na bacia do rio Doce. “É uma satisfação muito grande ver esta reparação através do Novel, com tanta gente finalmente indenizada e realizando sonhos, retomando suas vidas prejudicadas pelo desastre ambiental”, acentuou esta semana a advogada Richardeny Lemke, que peticionou de forma pioneira a implantação do Novel. O sistema se transformou no meio mais eficiente de reparação aos atingidos pelo caso Samarco, que há mais de 5 anos esperavam uma indenização.
Exatamente Baixo Guandu é a cidade da bacia do rio Doce com número maior de indenizados (cerca de 5.500), enquanto Aimorés tem cerca de 2 mil beneficiados até o momento.
O impacto do pagamento das Indenizações em Guandu e Aimorés é fantástico: o dinheiro circulando a mais ( cerca de R$ 700 milhões), impactou positivamente 80% da população das duas cidades, levando em consideração não só as famílias indenizadas, mas também o fortalecimento da economia, com geração de centenas de empregos.