A safra de 2024 de café conilon do Espírito Santo teve quebra de produção estimada entre 15% a 25% em função do clima adverso, afirmou em nota nesta sexta-feira a Cooabriel, maior cooperativa de cafeicultores de grãos dessa variedade do Brasil.
O tempo adverso para a safra de café conilon do Estado, o maior produtor deste tipo de grão do Brasil, tem colaborado para impulsionar as cotações do café robusta na bolsa ICE, que atingiram o maior nível em 15 anos nesta semana.
O conilon integra a variedade de cafés canéforas, na qual também está o robusta.
O Espírito Santo produziu 10,155 milhões de sacas de 60 kg de conilon em 2023, segundo números da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Também colheu quase 3 milhões de sacas de café arábica em 2023, segundo a estatal, que aponta que das lavouras capixabas saíram neste ano 23,6% da produção total do Brasil, considerando todos os tipos de grãos.
“As altas temperaturas registradas, a precipitação abaixo da média e a consequente diminuição de reservas hídricas, são os fatores que causam maior alerta”, afirmou.
As condições atuais das lavouras de conilon no norte e noroeste do Estado do Espírito Santo “levam à sugestão de uma diminuição de produtividade para 2024”.
“Embora ainda seja precoce mensurar índices para a quebra da produção, no momento é possível considerar perdas entre 15% e 25%”, ressaltou a cooperativa.
Nesta semana, o analista de café Fernando Maximiliano, da consultoria StoneX, havia alertado que as perspectivas para a safra de conilon do Espírito Santo tinham se deteriorado.
O Brasil é o maior produtor de café arábica e o segundo de grãos canéforas, atrás do Vietnã.
De acordo com o engenheiro agrônomo Perseu Fernando Perdoná, que atua como consultor técnico na região e foi citado no comunicado da cooperativa, o estágio atual da cultura implica em maior sensibilidade às ondas de calor.
“É importante considerar que os cafeeiros estão em fase de expansão de fruto, o que torna os grãos em formação mais vulneráveis às altas temperaturas”, disse.
Aliado a isso, a cooperativa apontou a incidência de algumas pragas nas áreas produtivas agravam a situação atual.
O presidente da Cooabriel, Luiz Carlos Bastianello, disse que, ao estimar possibilidades de perdas, o propósito não é causar alarde.
“Neste momento é importante discutir sobre uma realidade que exige atenção, para que os cafeicultores possam avaliar quais as medidas de enfrentamento mais assertivas, a fim de mitigar os efeitos que essa situação de crise pode causar, especialmente com relação à safra 2024”, disse ele.
As exportações de grãos canéforas têm aumentado fortemente pelo Brasil, cujos grãos ficaram mais competitivos após uma quebra de safra no Vietnã e na Indonésia no último ano.
Em novembro, o Brasil exportou 856 mil sacas de grãos canéforas, alta de 678% em relação a idêntico período do ano passado, favorecendo os embarques gerais do país.
Fonte: noticiasagricolas.com.br