A Associação Técnica Independente dos Atingidos e Atingidas da ADAI (Associação de Desenvolvimento Agrícola Interestadual), estará promovendo amanhã em Baixo Guandu, um seminário dedicado a novas discussões sobre o processo de reparação do rompimento da barragem de Fundão, em Mariana, ocorrido em 2015 e que impactou profundamente centenas de milhares de pessoas ao longo da bacia do rio Doce e região estuarina.
O seminário, intitulado “nossos direitos, já”, vai acontecer a partir das 14 horas no teatro do Ginásio Brasil, onde uma boa estrutura foi organizada para receber um grande público.
O encontro, que contará com a presença de especialistas da área, vai analisar os impactos econômicos da tragédia ambiental , a participação dos atingidos no processo de reparação e o fortalecimento da luta em torno da devida compensação econômica e social para a população atingida.
Um dos temas que deve chamar atenção no seminário é a chamada repactuação em torno do Caso Samarco, um acordo que está em andamento através de mediação do Conselho Nacional de Justiça, que pretende, em tese, dar um ponto final no processo reparatório.
Governos
Esta “repactuação” conta com participação efetiva dos governos de Minas Gerais e do Espírito Santo, além do Governo Federal, que pretende captar, num acordo bilionário, recursos das empresas poluidoras (Samarco, Vale e BHP) para obras de infraestrutura especialmente nos estados mineiro e capixaba.
A luta dos atingidos visa uma atenção especial sobre o tema “repactuação”, tendo em vista que, aparentemente, não há um planejamento claro que venha trazer benefícios diretos àqueles que foram diretamente afetados pela maior tragédia ambiental da história do país.
“É inadmissível esquecer os atingidos no processo de repactuação e vamos lutar por isso”, explicou ontem um dos organizadores do seminário.
Neto Barros presente
Ontem o ex-prefeito de Baixo Guandu, Neto Barros, confirmou presença no seminário, que ele considera de grande importância para retomar as discussões sobre a reparação aos atingidos no Caso Samarco.
Neto Barros ganhou projeção nacional e internacional, em 2015, quando denunciou de imediato as consequências econômicas e sociais extremamente danosas logo após o rompimento da barragem.
Quando as milhões de toneladas da lama tóxica despejada pela Samarco ainda escorria pelo rio Doce, em direção ao oceano atlântico, Neto Barros chegou a interromper com máquinas da Prefeitura a passagem de trens da via férrea da Vale em Baixo Guandu, exatamente para denunciar ao mundo a gravidade do desastre ambiental.
Desde então Neto Barros foi uma das vozes mais ativas na luta pela reparação aos atingidos, representando inclusive os municípios do Espírito Santo no Comitê Interfederativo (CIF) no processo de reparação desenvolvido pela Fundação Renova.
O ex-prefeito guanduense foi um dos primeiros a aderir a um processo internacional contra a BHP , na Inglaterra, que continua em curso e já tem em 2024 a data marcada para início do julgamento do caso. O escritório internacional de advocacia Pogust Goodhead cuida dos interesses de centenas de milhares de atingidos na Corte Inglesa.
Para Neto Barros, o processo de reparação não acabou: é preciso, segundo ele, continuar na luta contra as empresas poluidoras e garantir novas conquistas em favor da enorme população atingida.
“O seminário que se realiza neste sábado em Baixo Guandu é importante, na medida em que envolve uma assessoria técnica independente e se propõe também a analisar o processo de repactuação”, afirma Neto Barros.