Moradores de Baixo Guandu e de outras cidades mineiras do Vale do rio Doce estão tendo que enfrentar nova fila, quilométrica e com espera de até 10 horas em pé, para serem atendidos mais uma vez no escritório da Pogust Goodhead, que os representa na Inglaterra em busca de uma decisão favorável com pedido de R$ 230 bilhões em indenizações.
Este escritório reabriu pela terceira vez em Baixo Guandu, desde que a Pogust Goodhead (antes o escritório de advocacia chamava-se PGMBM) resolveu mover ação na Corte Inglesa contra a BHP Billiton, sócia da Vale e ambas controladoras da Samarco.
Em 2015, uma barragem da Samarco em Mariana se rompeu, provocando a maior tragédia ambiental da história do Brasil, ao despejar milhões de toneladas de lama tóxica que dizimaram a vida no rio Doce.
Filas de novo?
A indignação dos inscritos no processo de indenização decorre da desorganização da empresa de advocacia Pogust Goodhead, que há semanas fez uma postagem nas redes sociais pedindo confirmação de dados, porém sem explicar direito se há mesmo, necessidade, dos autores da ação indenizatória também irem ao escritório.
Nem os advogados de Baixo Guandu e região, que representam a Pogust, sabem informar direito como proceder.
- Alguns orientam que todos precisam comparecer novamente no escritório , para tirar uma fotografia ao lado de um documento para anexar no processo;
- Outros advogados dizem que não existe esta necessidade, já que pela internet o complemento das informações do questionário pode ser feito rapidamente.
Pelo sim, pelo não, centenas de pessoas se aglomeram desde a última segunda-feira no escritório da Pogust Goodhead em Baixo Guandu, em total desconforto em busca de indenização. Em Colatina e Governador Valadares a Pogust também reabriu escritórios.
R$ 270 bilhões
A ação contra a BHP Billiton na Inglaterra, cujo início do julgamento já está marcado para março de 2024, pediu inicialmente uma indenização de aproximadamente R$ 30 bilhões para pessoas físicas e jurídicas do vale do rio Doce.
Em março deste ano, a Pogust Goodhead resolveu ampliar de 200 mil para 700 mil o número de autores da ação, incluindo moradores das regiões costeiras da Bahia e do Rio de janeiro, que também teriam sido prejudicados com a pluma de rejeitos da lama tóxica.
O valor da ação na Inglaterra subiu de R$ 30 bilhões para R$ 230 bilhões.
Enquanto isso, sem qualquer preocupação da Pogust Goodhead em orientar corretamente quem espera a indenização, os atingidos enfrentam filas quilométricas para “atualizar” um questionário de danos decorrentes da tragédia da Samarco.