Nos últimos cinco anos, pelo menos 72 agências bancárias foram fechadas no Espírito Santo – e este processo parece estar longe do fim. Na contramão dessa tendência, as cooperativas de crédito seguem em plena expansão física, abrindo novos pontos de atendimento na Grande Vitória e no interior.
Segundo Carlos André Santos de Oliveira, o Carlão da OCB, diretor-executivo do Sistema OCB/ES, um dos participantes do Pedra Azul Summit 2025, encontro anual de líderes promovido pela Rede Gazeta nas montanhas capixabas, considerando apenas as cooperativas de livre admissão (Sicoob, Sicredi, Cresol e Unicred), são 223 agências de relacionamento espalhadas pelo Estado, cobrindo 96% do território capixaba.
O Sicoob ES, maior grupo empresarial genuinamente capixaba, segundo o Anuário IEL/Findes 2024, está presente em 75 dos 78 municípios do Estado. Mas, brevemente, essa cobertura vai ser total: seguindo o Plano de Expansão Nacional, até novembro de 2026 a cooperativa estará presente em 100% do território capixaba, com novas agências em Alto Rio Novo, Apiacá e Mucurici.
Entre 2023, 2024 e o primeiro semestre de 2025, o sistema regional do Sicoob ES inaugurou 11 agências no Estado, incluindo uma no bairro Rio Marinho em Cariacica, que passou a atender toda a região 7 do município, abrangendo seis barros antes desassistidos por instituições financeiras. Com essas aberturas, o Sicoob soma 143 agências em funcionamento no Espírito Santo, sem contar pontos de atendimento decorrentes da expansão para outros Estados (RJ, BA e SP).
A expansão do Sicredi
Já o Sicredi, que passou a operar no Espírito Santo em 2021, tem obtido resultados expressivos. Ao longo de quatro anos de atuação, as cinco singulares presentes em solo capixaba já somam 68 agências, marcando presença em 55 municípios.
Somente em 2024 e 2025, foram abertas 31 novas unidades, com previsão de inauguração de outras 10 até o fim do ano. E o crescimento é constante. A carteira de crédito da instituição no ES já ultrapassa R$ 4 bilhões e, em 2026, o Sicredi terá mais nove pontos de atendimento no Espírito Santo. Até dezembro de 2027 a cooperativa financeira também estará presente nos 78 municípios capixabas.
A Cresol Fronteiras PR/SC/SP/ES também mostra que trará desenvolvimento econômico e social para as localidades. Com sede em Realeza (PR), a singular já atua nos municípios capixabas de Colatina, Governador Lindenberg, Mantenópolis, Marilândia, Muniz Freire, Muqui, Nova Venécia, Pancas, Pinheiros, São Gabriel da Palha e Vila Valério. A previsão é a de que, até dezembro de 2027, a cooperativa inaugure outras 18 agências no ES. Incluindo Grande Vitória, Venda Nova, Santa Maria de Jetibá, São Mateus e Cachoeiro.
A presença física dessas cooperativas impulsiona diretamente a geração de novos postos de trabalho. Cada agência gera, em média, seis postos de trabalho diretos e mais quatro indiretos. Prova disso é o índice elevado de pessoas que o Ramo Crédito emprega. Segundo o Anuário do Cooperativismo Capixaba, em dezembro de 2024, as coops de crédito empregavam 2.918 pessoas – um crescimento de 1,6% em relação ao ano anterior.
O diretor-executivo do Sistema OCB/ES, entidade que representa o cooperativismo capixaba, avalia que as cooperativas de crédito têm posicionamentos mercadológicos distintos se comparados aos bancos tradicionais em razão dos princípios cooperativistas.
“O cooperativismo é um modelo de negócio centrado nas pessoas, que acredita no poder do coletivo. Para um uma cooperativa financeira, a presença física nas cidades é uma estratégia de negócio, uma estratégia de aproximação e também uma preocupação com a localidade em que está atuando. Por isso, observamos que as cooperativas têm uma ampla cobertura territorial no Estado”, avalia Carlão.
Expansão nacional
Essa presença física não é exclusividade do Espírito Santo. Segundo o Panorama Nacional de Crédito Cooperativo, 469 cidades brasileiras eram atendidas exclusivamente por cooperativas de crédito em dezembro de 2024. Esse dado reflete tanto a expansão das cooperativas quanto a redução das agências bancárias. Enquanto 51 municípios passaram a ser atendidos por cooperativas, 157 deixaram de ter agências bancárias.
Carlão, entretanto, pondera que a aposta na presença física não significa descuido com a expansão digital. “Os aplicativos de cooperativas de crédito são modernos, seguros e intuitivos. A aposta nas agências físicas não implica atraso na expansão digital, pelo contrário . Essas duas frentes são tratadas de forma concomitante, cada uma com a sua devida importância. O objetivo é oferecer a melhor experiência para os cooperados”, conclui.
Fonte: agazeta.com.br / Coluna Leonel Ximenes
Publicado em 20/10/2025