Hoje (14/07), o Parque Estadual do Rio Doce (Perd) completa 80 anos de fundação, visto que a criação da unidade foi promulgada pelo governador Benedito Valadares em 1944, por meio do decreto-lei 1.119, sendo o primeiro parque estadual criado e a mais antiga unidade de conservação no estado mineiro.
Mais do que um ponto turístico e um espaço de lazer no Vale do Aço, o Perd é um importante equipamento de preservação da fauna e flora, auxiliando no equilíbrio térmico da região, como explica Vinicius de Assis Moreira, gerente do parque.
“No contexto climático, o Parque do Rio Doce contribui de maneira significativa para a região do Vale do Aço. Em pesquisa e prospecção, a ciência comprovou que no Norte do parque chove mais. E essa região se localiza e colide no Vale do Aço. É uma contribuição fenomenal desse parque, que atua no sentido de mitigar os problemas do superaquecimento e o microclima regional. O Vale do Aço é reconhecidamente uma região muito quente, com a inexistência desse parque, a região seria ainda mais quente”, afirmou.
Os argumentos do geógrafo ipatinguense Alessandro de Sá, idealizador do Instituto Interagir, vão ao encontro do exposto por Vinícius.
“O Vale do Aço e seu entorno têm uma altitude muito baixa, e nas áreas centrais está em torno de 200 a 230 metros de altitude. Isso faz com que a gente tenha uma circulação atmosférica não muito privilegiada do ponto de vista de sensação de calor, de baixas temperaturas. O parque é um grande equilíbrio para a região quando a gente pensa em produção de umidade e em produção de chuva. É interessante, porque na nossa região tem 1.200 milímetros de chuva por ano, e é justamente o Perd que garante essa condição de ter uma média de precipitação até satisfatória”, explicou o especialista.
Conhecido como Amazônia Mineira, o parque fornece um exemplo prático da importância da preservação e manutenção de florestas nativas. Inserido na bacia hidrográfica do Rio Doce, prejudicada historicamente por diversos fatores, sendo o último evento de maior relevância o rompimento da barragem do Fundão, em Mariana, o parque “fornece recursos fundamentais” para a recuperação da bacia.
“Se alguém quer compreender como era a bacia do Rio Doce antes de todo esse processo, olha para o Parque do Rio Doce e vai ter uma condição bem assertiva de como era o contexto. Nesse sentido, o parque fornece recursos fundamentais em um instrumento poderoso para que políticas públicas e a sociedade civil também se esforcem no sentido de recuperar a bacia onde ainda é possível e alargar o fornecimento de serviços fundamentais também para o equilíbrio da vida humana”, argumentou Vinícius.
“Por todo o processo de ocupação, o parque exerce uma influência muito importante do que era a Mata Atlântica antes de toda a exploração, principalmente no século XVIII, e isso fornece uma experiência fantástica do ponto de vista de restauração de ecossistemas degradados”, completou.
Fauna e Flora
Localizado entre os municípios de Marliéria, Timóteo e Dionísio, o Perd foi criado a partir dos trabalhos e esforços do bispo Dom Helvécio para a preservação do grande remanescente da Mata Atlântica existente na região e para o fortalecimento da participação das comunidades
na proteção da unidade de conservação.
O parque tem cerca de 40 lagoas, e na mais famosa delas, a Dom Helvécio, são permitidas as atividades turísticas. Situada a 8 quilômetros da portaria, tem 7 quilômetros de espelho d’água e até 39 metros de profundidade, onde é permitido o banho na área denominada prainha.
“Nós temos uma riqueza da fauna presente no Parque Estadual do Rio Doce, que é super atrativa do ponto de vista turístico, do ponto de vista da pesquisa. Essa riqueza da biodiversidade propõe, de certa forma, um desenvolvimento econômico, com geração de riqueza, renda
para pesquisadores, para funcionários que estão no parque, para as comunidades do entorno”, pontuou Alessandro.
“É importante destacar a riqueza da fauna do complexo lacustre, que é o terceiro maior do nosso país. Essa variedade da espécie da fauna é importantíssima, porque, por meio dela, nós temos a dispersão das sementes, dessas composições, dessas espécies arbóreas, assim
como nós temos a polinização e o controle de pragas”, completou o especialista.
Comemoração
Conforme divulgado pelo Diário do Aço, a programação de hoje, em alusão ao aniversário do parque, começa às 8h com a recepção dos convidados na área do auditório. Às 9h, haverá contação de histórias: “8 décadas do Perd, 50 milhões de anos da Mata Atlântica”, pela
companhia Dama Espaço Cultura.
Durante a comemoração, será lançado o livro “Bichos da Mata Atlântica: A biodiversidade do Perd”, além de feira de artesanato com artesãos e produtores locais, atividades lúdicas e música ao vivo, no entorno do Centro de Visitantes e do mirante da unidade. A programação
completa do aniversário do Parque Estadual pode ser conferida na página da unidade nas mídias sociais ou no site do IEF.
FONTE: DIÁRIO DO AÇO