Duplicação de trechos da BR 101, aumento da capacidade da malha ferroviária, adequação de portos, novos terminais marítimos e aeroportos, além da expansão das redes de gasoduto, são algumas das melhorias em infraestrutura logística que o Espírito Santo tem como prioridade para 2025 e para os próximos anos.
Lançado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), o estudo “Panorama da Infraestrutura – Região Sudeste” sugere 49 obras prioritárias para resolver os gargalos logísticos do Estado. Muitas dessas demandas já estão com investimentos anunciados, outras acabam de ser iniciadas e algumas estão perto de ficar prontas.
Em Cachoeiro de Itapemirim, já foram iniciadas as obras de ampliação da pista e do terminal de passageiros do aeroporto, com um investimento de R$ 76,5 milhões. O projeto, que vai impulsionar as atividades econômicas no Sul do Estado, prevê ampliar o pátio de aeronaves e o terminal de passageiros destinado à aviação executiva, além da construção de um novo terminal para a aviação comercial.
Nos próximos cinco anos, o governo do Estado, por meio do Departamento de Edificações e de Rodovias do Espírito Santo (DER-ES), planeja investir mais de R$ 8 bilhões na infraestrutura logística rodoviária do Espírito Santo. São 247 obras que preveem restauração, implantação de novos trechos ou pavimentação asfáltica e duplicações, num total de 1.820 quilômetros de rodovias.
Em Aracruz, o governo do Estado autorizou o investimento de R$ 164 milhões na implantação e pavimentação do Contorno Rodoviário Sul. O trecho vai se estender do entroncamento da rodovia ES 257 ao entroncamento com a ES 124 e do entroncamento da ES 456 até o entroncamento com a ES 257, com extensão total de 19,93 quilômetros. O projeto conta com pista de rolamento, dois viadutos, além de sete interseções.
Inicialmente previstas para ficarem prontas em 2024, as obras do Contorno de Jacaraípe, na Serra, com investimento de R$ 230 milhões, têm o final de 2025 como novo prazo. O empreendimento vai desafogar o fluxo da ES 010 (avenida Abido Saad) e auxiliar no desenvolvimento da região, com a migração dos veículos de grande porte para a nova estrada.
A obra inclui terraplanagem, com 70% do processo já concluído, pavimentação e implantação dos dispositivos de drenagem. De acordo com o DER-ES, a expectativa é que o Contorno de Jacaraípe receba aproximadamente 5 mil veículos por dia.
Um dos maiores gargalos logísticos do Estado, a duplicação da BR 262, entre Minas Gerais e Espírito Santo, vai receber aportes bilionários da União e do governo do Espírito Santo para que,mais para frente, seja viabilizada a concessão.
Já a cessão para iniciativa privada, para administração e manutenção da BR 262, deve entrar em leilão no segundo semestre de 2025, com um modelo de contrato “light” para reduzir custos, diminuir obrigações contratuais, demandar menos investimentos e prometer retorno mais rápido.
O governo federal ainda vai decidir se a duplicação será feita dentro do contrato de concessão com aporte financeiro ou se, durante o andamento da obra, tocada pelo Dnit, terá o leilão para contratar a gestora para a rodovia.
BR 101
Em 2023, o Contorno do Mestre Álvaro, que fará parte da BR 101, foi inaugurado, trazendo melhorias significativas para o tráfego na Grande Vitória e para o transporte de cargas no Espírito Santo.
Mas a rodovia federal tem um imbróglio, que é a concessão. O problema, no entanto, está perto de se solucionar. Após acordo para devolução e realização de novo contrato pelo Tribunal de Contas da União (TCU), a situação do ramal logístico mais importante para o Espírito Santo passou por audiências públicas. Uma nova licitação deve ser feita em 2025.
Pelo projeto em andamento, a Eco101, se ganhar o leilão, deve continuar a administrar a via. O novo contrato para gestão dos 478,7 quilômetros da rodovia no Espírito Santo prevê investimentos de R$ 10,3 bilhões, sendo R$ 2,2 bilhões aplicados nos primeiros três anos, para duplicar 84 quilômetros. Serão feitos ainda 15 km de contornos e outros 41,1 km de faixas adicionais. O restante da via receberá terceira faixa em alguns trechos.
A secretária Nacional de Transporte Rodoviário do Ministério dos Transportes, Viviane Esse, explica que o acompanhamento nos três primeiros anos de novo contrato, considerado um período de transição, será trimestral e feito também com verificador independente, contratado pela Infra SA.
Se a empresa não cumprir as metas por dois trimestres seguidos, alcançando percentual de 80% da execução, o contrato será encerrado, o que é chamado de caducidade expressa.
O superintendente de concessão de Infraestrutura da ANTT, Marcelo Fonseca, detalha que, após os primeiros três anos de contato, o acompanhamento do cumprimento das metas passa a ser anual. E se a empresa não cumprir entre 80% a 100% das metas, também não consegue subir tarifas, por exemplo.
Panorama
Com o Espírito Santo na 12ª posição em valor de exportações, segundo dados do Panorama Geral da Infraestrutura Logística do Estado, elaborado pela Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes), novas rotas logísticas são imprescindíveis para acompanhar o ritmo atual de crescimento.
O Observatório da Indústria da Findes prevê um total de investimentos de R$ 81,7 bilhões em 316 projetos mapeados.
“Os investimentos na infraestrutura logística do Estado são uma ferramenta fundamental para a melhoria da competitividade da indústria capixaba. É preciso retomar as atividades da duplicação da BR 101 e realizar a duplicação da BR 262. Vale destacar ainda a importância desses investimentos para a chegada de produtos até o conjunto de portos instalados e os que estão em implantação no Estado e atendimento à Zona de Processamento de Exportação (ZPE) de Aracruz”, avalia Paulo Baraona, presidente da Findes.
E complementa: “Além disso, temos que pensar na logística do Estado como um todo. Isso passa por investimentos na Estrada de Ferro Vitória-Rio (EF 118), projeto importante para o desenvolvimento da Região Sul capixaba, que ligará o Espírito Santo ao Rio de Janeiro.”
O governo do Estado já recebeu da Vale o projeto de engenharia do trecho Santa Leopoldina-Presidente Kennedy da ferrovia. O próximo passo é o governo federal autorizar as obras entre a cidade serrana do Espírito Santo e Anchieta.
A nova linha férrea é um dos investimentos que vai impulsionar a expansão da produção de minério de ferro no Estado e prevê a ligação entre os municípios de Anchieta, Piúma, Iconha, Rio Novo do Sul, Itapemirim e Presidente Kennedy. Ao longo do traçado, está prevista a construção de dez pontes e sete viadutos ferroviários, projetados para superar desafios geográficos, garantindo a fluidez do transporte e a preservação do ecossistema local.
Para o setor produtivo capixaba, a linha férrea vai reduzir custos com frete por meio da conexão pelo modal ferroviário com portos importantes, como o Porto de Ubu, em Anchieta, o Porto Central, em Presidente Kennedy, e o do Açu, no Rio de Janeiro.
Isso porque a ferrovia é parte do Corredor Logístico Centro-Leste, que atende à demanda de exportação de grãos, siderurgia, carvão, fertilizantes e combustíveis, conectando as regiões produtoras a terminais exportadores e importadores.
A construção será tocada pela Vale como contrapartida adicional pela renovação antecipada da concessão da EF Vitória a Minas, ferrovia, aliás, que está recebendo bilhões em investimentos e tem ampliado a abertura para passagem de outras empresas logísticas, como a VLI.
Setor portuário
Já na reta final, as obras do Porto da Imetame, em Aracruz, serão inauguradas em 2025. Com 17 metros de calado e amplo espaço de manobra, o terminal terá capacidade para receber os maiores navios do mundo, essenciais para o escoamento de grãos, especialmente para o mercado asiático. No primeiro ano de operação, a previsão é movimentar 80 mil contêineres e 500 mil toneladas de carga geral.
Sendo o Espírito Santo o segundo Estado mais industrializado do país, com a indústria representando 38,3% do Produto Interno Bruto (PIB) capixaba, segundo dados do Observatório da Indústria da Findes, o investimento de R$ 2,7 bilhões vai ampliar a capacidade portuária e solucionar gargalos logísticos na região e no país, já que o Porto da Imetame tende a se tornar uma alternativa ao Porto de Santos, em São Paulo. Atualmente, 88% das exportações feitas pela indústria capixaba são realizadas via portos.
Em dezembro de 2024, começaram as obras do Porto Central, que pretende ser um dos maiores terminais portuários da América Latina. O complexo em Presidente Kennedy, Sul do Espírito Santo, próximo à divisa com o Rio de Janeiro, poderá chegar a ter 20 milhões de metros quadrados de área operacional e terá capacidade para receber os maiores navios do mundo, com mais de 20 metros de calado.
FONTE: www.agazeta.com.br