O engenheiro civil guanduense Nícolas Padovani de Paiva, de 28 anos, acaba de receber a esperada notícia que foi aceito na University of North Dakota, nos Estados Unidos, para realização de Mestrado em Estudos Espaciais , após um processo de seleção que permitirá 6 anos de estudos naquela unidade, incluindo o doutorado.
A University of North Dakota trabalha diretamente com a maior agência espacial do mundo, a NASA, e Nicolas terá a oportunidade de se engajar nas pesquisas científicas que possibilitam avanços neste segmento.
“Confesso que a ficha ainda não caiu, pois um rapaz como eu, de uma cidade de 30 mil habitantes ir estudar no exterior e realizar pesquisas que irão fazer parte das futuras missões espaciais é no mínimo, à primeira vista, um sonho utópico”, explicou ontem o engenheiro guanduense Nicolas , que mora no bairro Mauá e é filho do casal Alair Martins de Paiva e Luzinete Fátima Padovani.
História
Nicolas Padovani de Paiva teve uma infância comum em Baixo Guandu: fez o ensino primário na escola Professor Nunes, o ensino médio no colégio estadual José Damasceno Filho e em 2012 aventurou-se no Rio de Janeiro, onde conseguiu bolsa para estudar Engenharia Mecânica. Sem condições de se manter na capital carioca, retornou a Baixo Guandu em 2015 e foi estudar Engenharia Civil no UNESC, em Colatina.
Em 2018 conseguiu um estágio na Prefeitura de Baixo Guandu através de prova de títulos e no ano seguinte acabou admitido em cargo comissionado na gestão do ex-prefeito Neto Barros, até o ano de 2020, trabalhando na Secretaria Municipal de Obras.
Relato
A pedido do JornalFolha1, Nicolas Padovani de Paiva fez um relato pessoal de toda a trajetória que culminou com seu ingresso na University of North Dakota, que acontece dentro de mais 90 dias.
Segue o relato:
“Meu nome é Nicolas Padovani de Paiva, tenho 28 anos, sou Engenheiro Civil especialista em Estruturas e recentemente fui aceito na University of North Dakota para realização de Mestrado em Estudos Espaciais.
Tudo começou ano passado desde que minha namorada conseguiu uma bolsa de Pós-Doutorado na NDSU – North Dakota State University. Resolvi tentar realizar aplicações em Universidades nos EUA, inclusive no mesmo estado da Universidade dela.
A princípio eu estava procurando realizar o mestrado em minha área de especialização (Estruturas), mas depois de encontrarmos este Mestrado em Estudos Espaciais, resolvi concentrar todas minhas energias nele. Eu sou um completo aficionado por Física, Astronomia, juntando à minha paixão por engenharia, este curso é mais que perfeito, pois une todas as áreas que gosto. No final do ano passado eu fiz uma viagem para os EUA para passar o natal e ano novo com minha namorada e resolvemos ir até esta cidade para conhecer o campus, conseguimos um encontro com o diretor do programa, passei por uma entrevista em busca de bolsa de estudos e depois fizemos um tour para conhecer as instalações da Universidade.
O North Dakota Space Grant Consortium (NDSGC) e o North Dakota NASA EPSCoR (Programa Estabelecido para Estimular a Pesquisa Competitiva) são programas da NASA afiliados ao Departamento de Estudos Espaciais da UND. Eles disponibilizam bolsas de estudos, Estágios, entre outros. Os alunos recebem treinamento prático através de pesquisa de pós-graduação/graduação posições, projetos da NASA e atividades relacionados ao voo espacial humano. O principal foco de pesquisa é o design e produção de trajes espaciais e protótipos de habitat planetários. UND é a primeira universidade com um laboratório financiado pela NASA dedicado à concepção e construção exploração espacial e superfície planetária trajes de exploração.
O primeiro traje, o Dakota do Norte Experimental-1 (NDX-1), foi projetado para uso na superfície de Marte. O segundo traje, o Norte Dakota Experimental-2 (NDX-2) terno, foi projetado para testes em simulações lunares. Os esforços recentes também envolvem o design, construção, e testes de um inflável Demonstrador do conceito Lunar/Mars Habitat, o habitat análogo lunar/marte inflável (ILMAH), Rover elétrico pressurizado (PER) e quatro módulos científicos dedicados. O ILMAH é usado para realizar missões analógicas, rotineiramente testando sistemas, experimentos e protocolos que serão necessários no próximo futuro como NASA e fornecedores comerciais aventurar-se no espaço profundo.
O Laboratório de Voo Espacial Humano é financiado pela NASA para desenvolver novos soluções de fabricação para o espaço futuro ternos. Usando tecnologias de impressão 3D, concepção e fabrico de protótipos para os exploradores espaciais de amanhã.
Após essa visita vi o quão grande esse sonho era e até à primeira vista parecia impossível receber uma bolsa de estudos e trabalhar diretamente com pesquisa para a maior agência espacial do mundo, a NASA. Mas como um bom Cristão resolvi iniciar o processo de aplicação e confiar em Deus.
O processo dá-se após essa entrevista a reunião de vários documentos, sendo meu histórico acadêmico que precisava de ter média mínima de 8 (oito) nas áreas estipuladas pela NASA sendo: STEM (ciência, tecnologia, engenharia e matemática), a validação de todos meus documentos de formação é recebida por outra instituição e só logo após meu título de Engenheiro Civil e ter as notas mínimas nessas áreas é que posso continuar o processo.
Depois preciso apresentar teste de proficiência em inglês, uma carta de “Statement of Purpose”, sendo elaborada por mim e dizendo quais os meus objetos e porquê quero fazer parte do programa, além de outras 3 três cartas de recomendações acadêmicas e ou de trabalho que irão ser analisadas juntamente ao meu currículo. Eu pedi dois Professores meus do UNESC para fazer recomendação acadêmica e uma carta de recomendação laboral ao Neto Barros, que prontamente me ofereceu com muito bom grado.
Após tudo isso, toda essa documentação é recebida pelo conselho do Departamento de Estudos Espaciais da UND e eles realizam uma votação para admissão ao programa.
Nessa votação estão outros candidatos (Norte Americanos ou outros estudantes internacionais). Felizmente, depois de muitas orações recebi a carta de admissão da universidade. Confesso que a ficha ainda não caiu, pois um rapaz como eu, de uma cidade de 30 mil habitantes ir estudar no exterior e realizar pesquisas que irão fazer parte das futuras missões espaciais é no mínimo à primeira vista, um sonho utópico.
Meus estudos irão se iniciar em agosto e devo embarcar assim que toda minha documentação de visto estiver pronta. Meu orientador está em busca de me admitir em um laboratório para trabalhar como assistente de pesquisa para eu ter uma renda para cobrir os custos de vida, estou pedindo a Deus que dê tudo certo!
O mestrado será de 2 anos e após isso o Doutorado será de mais 4 anos. Logo após esses estudos pretendo ir trabalhar diretamente na NASA ou outras agências como SpaceX, Blue Origin, Lockheed Martin, entre outras empresas que trabalham na área de exploração espacial. Não pretendo voltar mais para o Brasil, apenas para visitar minha família, que particularmente pra mim é a parte mais difícil, ficar longe deles.”
O subsecretário de Estado da Ciência e da Tecnologia, Neto Barros, enviou em inglês uma carta de recomendação laboral à University of North Dakota (UND):