Gigante do setor de celulose e papel, a Suzano confirmou no último dia 26 de outubro a construção de uma nova fábrica de papel tissue — usados sobretudo em higiene pessoal — em Aracruz, no Litoral Norte do Espírito Santo. A empresa também fará investimento na modernização de sua atual unidade no município.
Ao todo, serão 1.900 empregos, entre diretos e indiretos. Deles, 300 vão ser nas obras e 200 na operação. Os outros 1.400 serão no que a Suzano chama de “retrofit” da unidade Aracruz, ou seja, uma modernização. O investimento total chega a R$ 1,17 bilhão.
A fábrica será a segunda de papel da empresa no Espírito Santo — a outra é em Cachoeiro de Itapemirim. O investimento na nova unidade será de R$ 650 milhões, apostando no mercado interno.
A intenção de construir a fábrica havia sido anunciada em junho de 2022, e o projeto foi aprovado nesta quinta (26) pelo Conselho de Administração. O início da produção está previsto para até março de 2026.
Serão 60 mil toneladas de produtos, numa produção diária de 1,1 milhão de rolos de papel higiênico de marcas como Neve e Mimmo, com previsão de atingir 10 milhões de consumidores no País, segundo o CEO da Suzano, Walter Schalka.
A empresa, que comprou em 2022 o negócio de papel higiênico de outra gigante do setor, a Kimberly-Clark, aposta em uma mudança de hábito da população. Schalka diz que, no País, o consumo per capita desse produto é de 7 kg ao ano, nos EUA chega a 24 kg.
O anúncio foi na sede da empresa, na avenida Brigadeiro Faria Lima, em São Paulo, um dos principais centros financeiros do País.
O governador Renato Casagrande participou da cerimônia por meio de videoconferência e destacou o uso de créditos de ICMS não utilizados pela empresa como parte de um investimento que criará empregos e renda no Estado.
Estavam presentes, além de executivos da Suzano, a presidente da Findes, CrisSamorini, e o vice-governador Ricardo Ferraço.
Além da unidade fabril, a empresa vai investir R$ 520 milhões na substituição deuma caldeira de biomassa da unidade Aracruz. O início da operação é previsto parao fi nal de 2025. O equipamento vai, segundo a empresa, ampliar a efi ciênciaenergética da fábrica.
A fábrica
A nova fábrica produzirá o chamado papel tissue, utilizado em itens de higiene,como guardanapos, papel higiênico, papel-toalha e lenços umedecidos. O projetolevará dois anos para ser concluído e ampliará a capacidade instalada da unidade debens e consumo da Suzano para 340 mil toneladas por ano.
Os empregos
Na fábrica, serão criados 300 postos de trabalho durante as obras e 200 na operação, entre diretos e indiretos. Já na substituição da caldeira de biomassa serão cerca de 1.400 postos de trabalho indiretos.
Quem vai ter chances
A fábrica é altamente automatizada, por isso, será necessário aos contratados fazer uma qualificação com duração de um ano, com uma parte teórica e outra prática, esta a ser realizada in loco nas unidades da Suzano em Cachoeiro ou Mucuri (BA).
A seleção dos profissionais que vão atuar na fábrica será realizada dentro de seis a oito meses, segundo o diretor-executivo de Bens de Consumo e Relações Corporativas da Suzano, Luís Bueno. Ele garantiu que a mão de obra local será priorizada.
As oportunidades serão sobretudo para técnicos em Mecânica, Elétrica, Manutenção; engenheiros em geral; além de qualquer pessoa que tenha experiência em produção industrial. “Mesmo que não tenha atuado com papel e celulose, isso não impede que possamos aproveitar a mão de obra”, disse o diretor.
Fornecedores
As oportunidades de atuar para a Suzano em seus novos projetos não se limitam aos empregos diretos e indiretos. A empresa precisará de fornecedores em geral, que variam da metal mecânica — citada pelas empresas como um dos destaques da indústria capixaba — até negócios como fornecimento de alimentação e uniformes.
Zona franca
A primeira Zona de Processamento de Exportação privada do Brasil, projeto da Imetame que será concretizado em Aracruz, é uma possibilidade futura para a Suzano, mas, no momento, a empresa visa apenas ao mercado interno.
Fábrica de combustível em Aracruz está em estudo
Além do papel, a celulose produzida pela Suzano pode dar origem a combustível. Oprojeto da fábrica de bio-óleo segue de pé, com estudos sendo realizados e,inclusive, parcerias decisivas com pelo menos uma gigante do setor.
O gerente-executivo industrial da unidade Aracruz, Fabrício José da Silva, confi rmouque a empresa segue com planejamento para o novo produto, que seria algo novopara a companhia e que requer parceiros para a comercialização.
A ideia é utilizar resíduos da madeira da celulose para produção do óleo, que seria misturado ao combustível fóssil e utilizado, por exemplo, em veículos, como ocorre já com outros tipos de biodiesel.
Aracruz sai na frente para sediar a nova produção devido a suas vantagens logísticas. Seria possível, até mesmo, embarcar o óleo em navios por meio de dutos.
Finanças
O CEO da Suzano, Walter Schalka, disse durante o evento em São Paulo que a empresa fechou o semestre com R$ 20 bilhões e que tem acesso a US$ 6,7 bilhões(R$ 33,4 bi) para os investimentos. “Estamos confortáveis em relação a capital”, frisou o executivo.
Cursos para a população
Além da qualificação oferecida pela Suzano aos futuros colaboradores, a Prefeitura de Aracruz garantiu que também vai oferecer cursos gratuitos visando preparar a população local para as vagas que serão abertas com os projetos.
A secretária de Ações Estratégicas do município, Jeesala Mayer Coutinho, frisou que os cursos serão oferecidos em parceria com Senai, Senac, Sebrae, Ifes e as faculdades particulares. Ela ressaltou que, em 2022, houve oferta superior a 1.500vagas em cursos de formação técnica.
Os empregos na Suzano serão anunciados em um prazo de seis a oito meses deforma convencional, com processo de seleção incluindo entrevista. A prioridade será a população local da região.
FONTE: SUZANO / www.tribunaonline.com.br