A Justiça Federal do Rio Grande do Sul condenou defensores do chamado “tratamento precoce” contra a Covid-19 a pagar indenizações no valor R$ 55 milhões por danos morais coletivos e à saúde. A decisão foi divulgada pelo Ministério Público Federal (MPF) nesta quinta-feira (25).
Foram condenados em duas ações a Médicos Pela Vida (Associação Dignidade Médica de Pernambuco) e as empresas Vitamedic Indústria Farmacêutica, Centro Educacional Alves Faria (Unialfa) e o Grupo José Alves (GJA Participações).
Tanto a Vidamedic quanto o Grupo José Alves disseram “não temos nada a declarar” sobre o caso. Segundo a denúncia, os condenados divulgaram um material publicitário que estimulava o consumo de medicamentos para o tratamento ineficaz contra a Covid-19, que também ficou conhecido como “kit covid”. A publicidade foi intitulada “Manifesto Pela Vida” e foi assinada por um grupo chamado “Médicos do Tratamento Precoce Brasil”.
No comunicado, os representantes defendiam o uso de medicamentos como hidroxicloroquina e ivermectina. No entanto, estudos científicos comprovaram a ineficácia desses remédios contra a Covid-19.
Segundo o MPF, a recomendação dos medicamentos no informe publicitário não indicava os possíveis efeitos adversos, além de estimular a automedicação.
Em Baixo Guandu e Aimorés
Em plena pandemia da Covid, quando não havia ainda vacinas, o tratamento para a doença provocou muita confusão em Baixo Guandu e Aimorés.
Uma médica de Aimorés, que ficou muito popular ao defender o “tratamento precoce” contra a doença, quis obrigar, em 2020, o então prefeito de Baixo Guandu, Neto Barros, a usar cloroquina no atendimento aos pacientes. Neto se recusou exatamente porque não havia comprovação científica da eficácia do medicamento.
Esta mesma médica fez palestra na Câmara Municipal de Baixo Guandu em 2021, quando na presença do prefeito Lastênio Cardoso, defendeu novamente o “Kit Covid”. O prefeito, no entanto, seguiu as recomendações científicas e não adotou este tipo de tratamento no município.
A médica foi à Câmara por pressão de vereadores bolsonaristas, que insistiam em achar que o presidente Bolsonaro tinha razão e que medicamentos como cloroquina e ivermectina tinham que ser adotados no tratamento contra a doença.
Quase 3 anos depois de toda aquela incerteza que cercava a utilização do “kit Covid”, os médicos que defendiam a cloroquina e a ivermectina começam a se ver em apuros com a Justiça.
COM INFORMAÇÕES DE G1.GLOBO.COM