Pelo menos 10 dos 13 vereadores da Câmara Municipal de Baixo Guandu continuam aprovando projetos polêmicos, provenientes do poder Executivo e contrários aos interesses da população.
Depois de aprovarem, por exemplo, um salário de R$ 23 mil mensais para o prefeito Lastênio Cardoso (o maior do Estado do Espírito Santo) e aumento dos próprios vencimentos (R$ 7 mil na próxima legislatura), a maioria dos vereadores aprovou na sessão da última segunda-feira um Projeto de Lei que recria a banda municipal Lira Guanduense, que estava completamente abandonada pela Prefeitura desde o começo da atual gestão, sem qualquer atividade e considerada praticamente “extinta”.
O projeto aprovado recebeu de cara uma desaprovação generalizada dos próprios músicos da banda Lira, que em momento algum foram convidados para discutir o projeto e demonstraram total insatisfação com o projeto.
O músico Fabiano Natali, assim se expressou ontem numa rede social:
Outro músico, que preferiu manter o anonimato por ter função publica, também desabafou com críticas severas à atual gestão:
“Fizeram tudo no escondido, sem ouvir ninguém da banda e o projeto é um tiro no escuro, porque sequer estipulam o valor da gratificação mensal dos músicos. Abandonaram a banda desde o ano passado e agora aprovam este projeto sem sentido”.
Músico da Lira Guanduense
Alderino e Sueli
Ontem um perfil no Facebook ligado ao prefeito Lastênio Cardoso tentou jogar a população contra os vereadores Alderino Gonçalves e Sueli Teodoro, alegando que eles estariam votando contra a cultura na cidade. Porém o tiro saiu pela culatra, com críticas bem fundamentadas à atitude do poder Executivo.
O vereador Alderino Gonçalves deu sua versão:
“Mais uma vez rasgaram o regimento interno da câmara e de forma irregular e arbitrária entraram com três projetos de lei na ordem do dia para votação. Dois deles, 37 e 38 nem constavam na pauta, chegaram com eles debaixo do braço e incluíram absurdamente na ordem do dia atropelando todas as regras do regimento. Um deles eram o PL 36 que tratava sobre os músicos.
Afirmou o vereador Alderino Gonçalves.
Em contato com os músicos, fui informado que não tinham nenhuma participação na construção do PL e nem sabiam que iria entrar na sessão. Este também saiu da pauta e foi para ordem do dia para votação a pedido do líder do governo e com o aval do time aliado do prefeito e não do povo. Essa manobra é porque o executivo precisa da banda para abrilhantar o desfile de 7 de setembro, banda que está jogada e desrespeitada desde o início deste mandato.
O voto contrário foi um pedido dos próprios músicos para que eu pudesse tentar tirar o PL 36 da ordem do dia para poder tramitar de forma justa para eles poderem participar da construção pois eles sabem a real necessidade da banda, mas eu e Sueli fomos voto vencido”.
A mesma explicação foi dada pela vereadora Sueli Alves Teodoro, que foi procurada por músicos da banda para evitar a votação do Projeto de Lei:
“Não podemos concordar com o trâmite do Projeto, tudo feito às pressas, além do que fomos procurados por músicos da Lira Guanduense, revoltados, porque nunca foram ouvidos”.
Sueli Teodoro lembrou que o projeto tem uma cláusula também preocupante, já que não define o valor da gratificação aos músicos, que seria definida em decreto pelo prefeito.
“Como podemos aprovar uma coisa deste tipo? Qualquer valor do decreto do Executivo, neste caso, teria a aquiescência da Câmara Municipal, o que contraria o bom senso”.
falou Sueli Alves Teodoro.
Mundo irreal
A impressão que se tem é que a Câmara Municipal de Baixo Guandu vive uma realidade paralela, totalmente contrária aos interesses da população, com total subserviência ao prefeito municipal – ressalvando a independência de dois ou três dos 13 vereadores.
O simples fato dos vereadores aprovarem um salário absurdo de R$ 23 mil mensais para o prefeito Lastênio Cardoso é apenas um exemplo da falta de compromisso com o interesse público. Lastênio é o prefeito mais caro do Espírito Santo, uma situação completamente sem lógica e totalmente contrária à realidade financeira do município.