Neste ano de 2022, completamos 16 anos da existência oficial da Usina Hidrelétrica de Aimorés, inaugurada oficialmente em 5 de maio de 2006 com a presença do presidente Lula, mas o que restou de benefícios do empreendimento é pouco para Aimorés e quase nada para Baixo Guandu.
Com capacidade para gerar 330 MW de energia, quantidade suficiente para abastecer uma cidade com 1 milhão de habitantes, a Usina Hidrelétrica deixou um legado razoável para Aimorés, que recebe uma quantia variável mensal de royalties por sediar o empreendimento, mais alguns impostos, mas nada que tenha mudado para muito melhor a vida dos habitantes do município. Uma das reclamações é a redução drástica da vazão do rio no perímetro urbano da cidade, o que propicia muitas vezes mal cheiro e retirada do lazer e pesca dos moradores. A população reclama que houve um acordo da construção de um dique para manter o nível da água no perímetro urbano, mas hoje o rio possui apenas um filete de água em função do desvio do leito.
Para Baixo Guandu então, nem se fala: o município recebe uma quantia quase insignificante de royalties, mas ficou com um passivo ambiental que mexeu com o trecho do rio Doce que vai da divisa (bairro Boa Vista) até a Casa de Força da Usina, um trecho de aproximadamente um quilômetro. Ali o rio Doce morreu, correndo apenas um filete entre a pedraria, em função do desvio do curso d’água para tocar as turbinas da Casa de Força.
Crime
O ex-prefeito de Baixo Guandu, Chico Barros, hoje com 83 anos, rotineiramente usa sua rede social para denunciar o “crime” que fizeram com Baixo Guandu na construção da Usina. Segundo Chico, o projeto original previa a construção da Usina em território inteiramente guanduense, aproveitando a força das águas do rio Doce onde se situava a cachoeira do Raio.
Chico denuncia sempre que o projeto foi alterado para beneficiar Minas Gerais, prejudicando o Espírito Santo e deixando para Baixo Guandu um passivo ambiental irrecuperável. “Basta olhar o leito quase seco do rio Doce, próximo à região do Eucalipto até o bairro Sapucaia para sentir o drama”, afirma o ex-prefeito Chico Barros.
Legado
Já se passaram 16 anos da inauguração da Usina de Aimorés, mas Baixo Guandu convive rotineiramente com um fato até irritante: sirenes que tocam sem parar em alguns pontos da cidade, situação que faz parte de um plano preventivo em caso de rompimento da barragem da Usina, localizada na Pedra Lorena, em Aimorés.
Este plano preventivo é uma exigência legal, é bom frisar, e a barragem é considerada absolutamente segura. Mas numa hipótese quase impossível de rompimento, parte do perímetro urbano de Baixo Guandu seria inundado – especialmente na região do bairro Mauá.
O que se pode deduzir, hoje, é que a Usina Hidrelétrica de Aimorés deixou para Baixo Guandu muito pouco, ou quase nada: na época da construção, algumas verbas para a Saúde, Segurança Pública, asfaltamento de ruas, mas depois da inauguração, o relacionamento mudou muito. Não há nem um canal de diálogo permanente para analisar as consequências (ainda presentes) do empreendimento para Baixo Guandu.
A Usina Hidrelétrica de Aimorés surgiu de um empreendimento que envolvia a Vale (49%) e a Cemig (51%) e na construção foram investidos cerca de R$ 1 bilhão. Hoje o empreendimento está a cargo da Aliança Energia S/A, que possuí uma série de empreendimentos nesta área em várias localidades do Brasil.