Um grupo de aproximadamente 30 produtores rurais, de grande e médio porte, iniciaram ontem, (20/1) em Baixo Guandu, um movimento contra a Vale, BHP, Samarco e Fundação Renova, denunciando o descaso com o atraso nas indenizações que tem direito, decorrentes do rompimento da barragem de Mariana (MG), ocorrido em 2015.
Os produtores instalaram um outdoor ontem no trevo da BR-259, na entrada de Baixo Guandu, reunindo no local tratores e representantes dos atingidos , em protesto contra as empresas controladoras da Samarco, alegando que já não aguentam mais esperar.
“Estamos há mais de 6 anos aguardando as indenizações prometidas, sem poder trabalhar da mesma forma que acontecia antes do rompimento da barragem, que jogou milhões de toneladas de material tóxico no rio Doce”, explicou ontem o produtor rural Aercemario Cardoso da Silva, um dos líderes do movimento.
Ilha
O produtor Aercemario é exemplo clássico da atividade rural prejudicada pela lama tóxica da Samarco: ele tem uma ilha legalizada às margens da BR-259, próximo de Baixo Guandu, onde estavam plantados 10 mil pés de café e 3 mil pés de banana, e teve que abandonar tudo em 2015 porque a irrigação das lavouras ficou inviabilizada, com a poluição grave da água do rio Doce.
Ontem Aercemario gravou um vídeo falando do drama dos produtores, que aderiram ao Programa de Indenização Mediada (PIM) da Fundação Renova, tem laudo comprovando os danos mas ainda não receberam:
Outros
A situação de esquecimento das indenizações ocorre também com outros produtores, da região de Baixo Guandu e Aimorés, sendo que do grupo de médios ou grandes, apenas 2 ou 3 receberam indenização.
É o caso do produtor Marcos José Cordeiro, que cultivava inhame, tomate e milho verde numa propriedade na região da Mauá, (município de Aimorés), perdendo seu meio de sustento com a inviabilidade do uso da água do rio Doce para irrigação.
Marcos também relatou em vídeo a dificuldade em ser indenizado pela Fundação Renova, mesmo com toda documentação comprovando os danos. Veja o vídeo:
Urgência
Os produtores rurais de Baixo Guandu e Aimorés querem que a Fundação Renova acelere o processo de Indenizações, atualizando valores constantes nos laudos que acompanham os processos e garantindo a reparação nos 71 meses de paralisação das atividades – desde o rompimento da barragem de Mariana, em novembro de 2015, que originou o Caso Samarco.
“Parece que fomos esquecidos pela Fundação Renova e só queremos fazer valer nossos direitos”, explicou ontem o produtor Aercemario Cardoso da Silva, acrescentando que o movimento pró indenização terá outros atos de protesto.
“Só queremos receber nossos direitos, assegurados em comprovação através de laudos”, finaliza Aercemario.
Infelizmente a VALE\SAMARCO. criou a RENOVA apenas para enrolar, tirando o foco sobre a grande culpada: VALE. A RENOVA, não cumpriu nem 30% dos acordos, inclusive os firmados com a justiça, que se omite. É uma situação que mancha o judiciário. Participei de várias reuniões da Renova, que na tiveram resultados. A convite da Câmara Federal, estive em Brasília, como ambientalista, para expor a minha visão sobre o assassinato do Rio Doce. Na ocasião afirmei que se a justiça não fosse eficiente e rápida, inclusive com condenação penal da Diretoria e engenheiros resposta pela tragédia de Mariana, outras tragédias ocorreriam, o que infelizmente ocorreu em BRUMADINHO, e pode acontecer novamente.
Algumas pessoas se manifestam em postagens minhas, que o ideal seria promover ações para impedir a circulação de trens, em vários trechos, mas de forma que não houvesse acidentes (haveria divulgação antes). Acho que está ação merece ser analisada, para uma decisão dos prejudicados. Lembrando que justiça lenta e inócua, se transforma em INJUSTIÇA. Fraterno abraço e que Deus os ilumine em suas decisões. Acreditar na Renova é o mesmo que admitir que a terra é plana, que existe mula sem cabeça, saci Pererê, papai Noel, ” etc.