Não há em Baixo Guandu quem não conhecia a figura sempre simpática e querida de Izaltino Cardoso, ou simplesmente o “Tino Doido”, que faleceu hoje (21/09), aos 70 anos, em consequência de problemas de saúde que enfrentava há mais de 6 meses.
A ausência dele nas ruas era sentida nos últimos meses, quando operou de uma hérnia e precisou ficar em casa em recuperação. Chegou a fazer nova cirurgia também de hérnia, mas o coração já enfrentava problemas e parou em definitivo hoje, para tristeza de uma cidade que aprendeu a ama-lo e respeita-lo como ser humano afável e simpático.
Um real
A marca registrada de Tino era sempre pedir um real para as pessoas pelas ruas da cidade. Mas aceitava valores menores, dizendo com bom humor que era melhor “pingar do que secar”.
Assim foi dezenas de anos o comportamento de Tino, que morava no bairro Mauá Minas em companhia do irmão Walmir e de uma cuidadora. Era aposentado e complementava a renda com a ajuda e o carinho dos guanduenses.
Tino tinha um comportamento singular: saía de casa assim que o dia clareava e fazia das suas caminhadas um contato prazeroso: tomava café com pão em vários lugares, não refugava um almoço e, religiosamente antes de escurecer estava de volta em casa.
Ninguém via Tino à noite na cidade. Ele mesmo dizia que tinha muito medo do escuro e ao entardecer sempre já encontrava-se recolhido em casa, onde assistia novela, jantava e antes das 8 já se recolhia para dormir. Ao amanhecer iniciava a mesma rotina.
Ninguém negava o alimento do dia para Tino Doido. No hospital era figura certa para tomar café, em um laboratório da cidade sempre se alimentava também e o almoço ele podia escolher o lugar: podia ser um restaurante ou uma casa qualquer. Ninguém lhe negava um prato de comida, uma guloseima ou o famoso “1 real”, que ele levava pra casa e entregava à cuidadora para aquisição de remédios e uma boa carne, que ele adorava.
Mesmo ausente há meses das ruas, Baixo Guandu vai sentir falta daquela figura ímpar que só trazia alegria a todos. Vá em paz, Tino! Com a saudade dos guanduenses que aprenderam a estimá-lo profundamente.