A polêmica do uso da cloroquina (ou hidroxicloroquina) no tratamento a pacientes de COVID-19 parece não ter fim: ontem (15/05) foi a vez da agência reguladora de medicamentos dos Estados Unidos (FDA) suspender o uso da substância por ineficácia, alertando ainda sobre a possibilidade de efeitos colaterais danosos aos pacientes.
No Brasil, a cloroquina já causou a queda de dois ministros da Saúde (os médicos Mandetta e Nelson Teich), que se recusaram a incluir a cloroquina no protocolo oficial de tratamento da COVID-19. O presidente Jair Bolsonaro é defensor ardoroso do uso da droga e conseguiu emplacar no Ministério da Saúde, recentemente, o uso protocolar da cloroquina.
Ontem o poderoso e reconhecido FDA, dos Estados Unidos, deu um duro golpe nos defensores da cloroquina, incluindo o presidente Donald Trump, inicialmente também um grande fã do medicamento. Só que nos EUA parece que a cloroquina não fez o efeito esperado: o país é o campeão mundial em mortes por COVID-19.
No Brasil a cloroquina acabou politizada pelo presidente Bolsonaro, que não é médico nem cientista, mas quer o uso indiscriminado no tratamento da COVID-19. O Ministério da Saúde , hoje comandado por militares sem formaçao médica, liberou ontem , por sinal, a droga para crianças e mulheres grávidas – o que contraria fortes evidências científicas sobre os riscos dos efeitos colaterais do medicamento.
A polêmica do uso da cloroquina está também em Baixo Guandu e Aimorés, onde uma médica, apoiadora de Jair Bolsonaro, defende o medicamento -que há anos combate a malária e doenças como lúpus e artrite. Mas a atuação desta médica é controversa exatamente em função da dúvida recorrente de cientistas de todo o mundo sobre a eficácia da cloroquina e seus efeitos colaterais.
Além da agência reguladora de medicamentos dos EUA (FDA), cientistas britânicos recomendaram também ontem a suspensão da cloroquina no tratamento da COVID-19, sob a mesma argumentação da ineficácia e dos efeitos colaterais que podem ser danosos – especialmente ao coração.
Enquanto o mundo busca uma vacina ou medicamento realmente eficaz contra o novo coronavírus, o que se observa é uma corrente alheia à Ciência, tanto nos EUA quanto no Brasil, defendendo o uso político da cloroquina. E no meio desta confusão, a população se confunde: aceita a Ciência ou prefere se aconselhar com presidentes como Trump e Bolsonaro?
Para saber mais sobre a ineficácia da cloroquina, segundo a FDA, clique nos links abaixo: