A questão do preço do café é uma queda de braços entre os produtores eu mercado comprador/vendedor. O produtor sente o peso de uma quebra de safra, como a que está prevista para 2024/2025, de 30% a 50%, tem expectativa de que a elevação dos preços diminua o prejuízo, mas na outra ponta o mercado manobra para obter vantagens.
“O mercado, frequentemente, boicota qualquer ganho para o produtor espalhando que há excesso de produto disponível. Só que o mundo continua tomando café, a bebida mais consumida no mundo, a produção não aumenta e eles dizem que tem excesso de oferta. Só não mostram onde está armazenado esse produto”, avaliou uma fonte ouvida pelo site Tribuna Norte-Leste.
Esse jogo de forças vai sofrer um equilíbrio esse ano, na avaliação do engenheiro agrônomo sênior José Carlos Gava Ferrão, que atua como consultor e monitora os movimentos de produção e preços.
Segundo o engenheiro, de região para região, o regime de chuvas variou muito. Assim, os rendimentos da safra também podem variar de região para região. Entretanto, nas pesquisas que ele faz em grupos com mais de 2 mil produtores do Espírito Santo, Sul da Bahia, Rondônia e Minas Gerais, as previsões mais otimistas apontam para quebra de um terço da safra. Nos casos mais pessimistas, chega a 50%. “Na granação do café (enchimento dos frutos), se faltar água, vai quebrar na máquina (pilagem).
Esse período incide principalmente de outubro a janeiro-fevereiro. No meu caso aqui na propriedade (entre Eunápolis e Porto Seguro, na Bahia), do dia 8 de setembro a 21 de dezembro de 2023 (112 dias), choveu apenas 26 milímetros, quando o necessário seria de no mínimo 600 milímetros. Uma tragédia”, disse o engenheiro.
O aplicativo “Painel do Café”, que tem sido uma ferramenta útil aos produtores para acompanharem cotação e tendências de safra, tem reforçado a escassez de oferta de café conilon perante a demanda internacional.
“O clima seco que castigou as lavouras no Vietnã e os fracos rendimentos na colheita do Brasil são o combustível para que os fundos aumentem suas posições compradas. O Departamento de Alfãndega do Vietnã informou que as exportações de café em maio recuaram 36,5% para 95 mil toneladas e as exportações de janeiro a maio recuaram 3,9%, para 833 mil toneladas”, informa o “Painel do Café”.
Como consequência, os preços estão em alta no Vietnã com R$ 1.516,37 pagos ao produtor na origem na província vietnamita de Dak Lak. Esse preço é, segundo fontes ouvidas pelo site, R$ 350,00 maior do que o pago aos produtores brasileiros.
“E nossos produtos não ficam nada a dever ao café vietnamita. A diferença está no marketing. Temos custos e compromissos sociais e ambientais que o nosso maior concorrente não segue”, disse a fonte. O café conilon fechou a semana cotado a R$ 1.167,25 a saca. As alterações climáticas no Vietnã e na Indonésia, os maiores produtores do mundo, levaram o robusta brasileiro a um novo patamar de preços, ultrapassando a casa dos R$ 1 mil e hoje está 6,5% mais alto do que o arábica, cotado a R$ 1.095,04.
PRODUÇÃO DE CAFÉ
O Brasil é o maior produtor mundial de café, A produção da safra 2023-2024 foi estimada em 174,3 milhões de sacas de 60kg no planeta, das quais 55,2% são de arábica e 44,8% de café conilon. O Brasil produz 31,4% do café do mundo. Só de arábica, o Brasil responde por 39,3% da produção mundial, e outros 21,5% de conilon/robusta.
O Vietnã é o segundo maior produtor mundial, com 18% do café produzido no planeta. Os vietnamitas têm 38,7% da produção mundial de conilon, sendo o primeiro nesse item, mas produz apenas 1,1% do arábica mundial.
A Colômbia é o terceiro maior produtor de café, com 12% do total. Todo o café colombiano é arábica, não havendo uma única planta de outra espécie. Enquanto o Vietnã tem uma altitude média de 398 metros acima do nível do mar, a da Colômbia é de 598 metros. O Brasil tem média abaixo de 300 metros.
Na sequência, a Indonésia é o quarto maior produtor, predominando o conilon/robusta. O quinto é a Etiópia, lar geográfico do café arábica, que corresponde a 28% das exportações do País. Honduras vem em sexto, como maior produtor de café da América Central.
Em seguida vem a Índia, em sétimo lugar, cultivando café nas montanhas do Sul do País. Porém, não é grande consumidor da bebida. De sua produção, 80% são exportados para a Europa. Uganda é o oitavo produtor mundial e o maior da África Central. O México ocupa a nona posição, com o arábica nas regiões costeiras do Sul, próximo à Guatemala, que é o décimo. A produção do México é praticamente toda exportada para os Estados Unidos.
FONTE: José Caldas da Costa (tribunadoleste.com.br), Embrapa e socientifica.com.br)