Imagina ficar 21 dias internado numa UTI de hospital, 11 deles intubado com pressão nas alturas, pulmões comprometidos, glicose elevada e uma equipe médica lutando 24 horas para manter a esperança de vencer a Covid-19?
Este drama foi vivido por um guanduense, o feirante Gilmar Costa Soares, de 55 anos, que ontem (27/08) recebeu alta do Apart Hospital, em Vitória, depois de vencer a doença onde a recuperação era considerada difícil até pela equipe médica que o assistiu.
Gilmar mora no bairro Vila Kennedy e é bastante conhecido em Baixo Guandu e Aimorés, onde utiliza as feiras municipais para vender temperos. Diariamente, ele também trabalha em sua banca de temperos ao lado do supermercado Maggioni, na cabeça da ponte da Integração.
No começo de agosto, mais precisamente no dia 3, Gilmar começou a sentir alguns sintomas da COVID, depois de retornar de uma viagem a Vitória onde adquire ingredientes para os temperos que comercializa. A princípio achou que era uma simples gripe e continuou trabalhando, até se desequilibrar e cair no chão, machucando o rosto, no dia 5 de agosto
Foi para casa e no dia seguinte deu entrada pela manhã no hospital de Guandu, com tosse, febre e falta de ar. Naquela noite, foi transferido às pressas para Vitória e passou a utilizar um respirador mecânico, mas dois dias depois precisou ser intubado com o agravamento do quadro de saúde.
Minutos antes de passar pelo procedimento, fez um vídeo que acabou divulgado nas redes sociais, onde muito ofegante pela falta de ar pediu que Deus o protegesse.
A partir daí, intubado, começou uma batalha pela vida: foram 11 dias com cuidados 24 horas para manter a pressão sob controle, a glicemia mantida baixa com medicamentos e monitoramento constante da função renal. A filha de Gilmar, Rebeca, que é enfermeira, acompanhou na medida do possível o pai e passava boletins diários para a família.
Uma grande corrente de orações se formou em torno de Gilmar, não só em Baixo Guandu, mas em dezenas de cidades via grupos de Whatsapp. O estado dele era gravíssimo, mas existia um fio de esperança.
“Deus me deu uma nova chance e sei que tenho uma missão a cumprir nesta terra”
afirmou ontem Gilmar ao receber alta do hospital. Ele agradeceu a todos que oraram ou rezaram pela sua recuperação, aqueles que torceram pela sua saúde e confessa que já se transformou numa outra pessoa.
“Quem passa pelo que passei só tem a agradecer o dom da vida. Deus me deu uma nova chance, de rever os amigos, de trabalhar, de abraçar meus irmãos, meus filhos, netos e familiares, levando a todos uma mensagem de fé, de perdão, de união”
falou o feirante Gilmar Costa Soares.
Dentro de mais 10 a 15 dias Gilmar espera estar de volta ao trabalho em Baixo Guandu. Até lá, vai ficar em Vitória na casa de familiares e acompanhado da filha enfermeira Rebeca, fazendo fisioterapia e passando por outros processos de recuperação.
O momento, segundo Gilmar, é de agradecer a Deus, mas ele espera com ansiedade o retorno a Baixo Guandu, onde nasceu e viveu grande parte da sua vida.
“Estou voltando, agora mais do que nunca agradecido a Deus e a todos que oraram por mim. Estar vivo depois de tudo que passei é uma felicidade que não tem preço”
afirma Gilmar, que é evangélico e quer se dedicar muito ao “reino de Deus”.